[...] Lembro-me de, ainda criança, atravessar açude à nado, brincar no rio da fazenda, tomar banho de chuva sem medo molhar a roupa nova, quase me afogar na piscina da casa do tio Valmir... Lembro-me de tomar banhos que, hoje reconheço, demoraram mais que o necessário.
De minhas memórias mais recentes referente à água, duas são extremamente marcantes e cruelmente opostas: meu encontro com o Rio São Francisco, o “Velho Chico” e com o Rio Jaguaribe, o “Rio dos Jaguares”.
De minhas memórias mais recentes referente à água, duas são extremamente marcantes e cruelmente opostas: meu encontro com o Rio São Francisco, o “Velho Chico” e com o Rio Jaguaribe, o “Rio dos Jaguares”.
Minha segunda lembrança marcante aconteceu após a primeira reunião do comitê, em maio de 2008, em Limoeiro do Norte:
- Já foram ver o rio?
Perguntou o professor a mim, dois amigos e um jornalista.
Respondemos negativamente e o professor nos levou até o rio. Ele começou a falar sobre as margens do rio e sobre qualquer coisa que nem mesmo lembro, pois o que via era mais forte que a voz do professor: uma terra com uma cerca e um jumento dentro, mato, areia, lixo, muito lixo... O rio que o professor apontava não tinha água dentro. Ele apontava para um terreno seco, chamava-o de rio, falava dele como quem fala de um “rio de verdade” e aquilo feriu profundamente todas as imagens que meu imaginário infantil esperava de um rio.
Deve ser ridículo o que vou dizer, mas, apesar de saber o que encontraria, apesar de tratar-se do, até pouco tempo, maior rio seco do mundo, a cena me chocou. Falei ao professor que gostaria que todos vissem aquilo que eu estava vendo, conseqüentemente, que sentissem o estranhamento que senti. [...]
(trecho de um projeto em aberto...)